Caro Professor Neiva,
É muito bom saber que existem pessoas como vc! Vários colegas estão comprando seu livro, principalmente a galera que se prepara para o MPF.
Como estou só estudando, tive que mudar alguns aspectos das suas dicas. Nesta minha primeira etapa, estudo dois horários como você indicou, com legislação e doutrina. Durante o período noturno fico resolvendo questões de acordo com o que estudei durante o dia.
Na segunda etapa pretendo fazer da seguinte forma: de manhã irei fazer as revisões pelos livros da primeira etapa, as questões de exercícios e as aulas do Praetorium on line sobre as matérias que revisei no dia. Durante o período da tarde e a noite estudo duas matérias, por livros densos e acompanhado da legislação, da jurisprudência e dos periódicos.
O que vc acha?
Paz e bem!
Márcio Omena
Caro Marcio,
Minha intenção não é apresentar fórmulas engessadas. Minha primeira preocupação é chamar a atenção das pessoas para a necessidade de se preocuparem com a eficiência do esforço que estão empreendendo na preparação para o concurso.
Quando digo que o ideal é estudar matérias mais relevantes por manuais mais analíticos e matérias de menor relevância por manuais sintéticos, a minha preocupação é com a eficiência do processo de estudos. Não digo que esteja errado estudar as duas matérias (de maior e menor importância) por manuais analíticos, mas direi que está errado estudar a matéria de maior importância pelo manual sintético e de menor relevância pelo analítico.
Assim, não considero que sua estratégia seja ineficiente. Inclusive, com os exercícios, além de fixar a matéria, promovendo a retroalimentação em termos de aprendizagem, você estar ocupando um tempo que talvez teria dificuldade para ocupar em função de um possível desgaste. Existe um conceito (que não trabalhei no livro) denominado utilidade marginal, segundo o qual existe um ponto em que a adição de recursos e esforços passa a promover resultados com pouca otimização, em função de uma lógica de saturação. É o que acontece se você estudar, por exemplo, 8 horas sem intervalo. Chegará um ponto em que não vai mais assimilar a informação.
Além disto, segundo um conhecido papa das ciências cognitivas chamado Jean Piaget, “Um erro corrigido pode ser mais fecundo que um êxito imediato”. Portanto, não sou contra a realização de exercícios como técnica de fixação e reforço do conhecimento estudado.
No entanto, não posso deixar de registrar que o tempo que você leva fazendo exercícios, no curso da sua primeira fase de preparação, poderia estar sendo destinado ao avanço no fechamento do seu programa. Ou seja, a pergunta é: em quantos dias antes você estaria terminando o programa se não fizesse exercícios? O que este tempo significa? Vale a pena? Você precisa esgotar um programa e tem um prazo, considerando a provável data da prova? Naturalmente que as estimativas do TUCTOR poderiam lhe ajudar.
Mas é você quem deverá encontrar as respostas a estas perguntas.
A eficiência da aprendizagem e o seu preço deve envolver uma decisão do candidato. Costumo apresentar em palestras a seguinte colocação: considere de 3 situações; na primeira determinada pessoa assistiu um atropelamento; na segunda determinada pessoa ouviu outra que acabou de assistir um atropelamento contar como foi a cena; na terceira determinada pessoa ouviu outra, que ouviu de outra, contar como foi um atropelamento.
Pois bem. Ante as três situações, em qual a informação sobre o atropelamento contará com maior eficiência de retenção e potencial para resgate? Normalmente na primeira. Mas em qual das situações se pagou o maior preço para a retenção? Também na primeira, na qual houve o contato com uma situação emocionalmente forte a talvez até traumática.
Na preparação para o concurso é assim. Há um trade-off. Há uma relação custo-benefício quanto a todas as atitudes. Considero que é isto que você deve avaliar, procurando agir da forma mais estratégica e eficiente possível.
Parabéns pela preocupação, pela disposição e pelo empenho!
Forte abraço e me mantenho na torcida!
Rogerio Neiva
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