A compreensão de que o processo de busca da aprovação no concurso público envolve uma trajetória pautada por obstáculos e dificuldades não consiste em novidade para ninguém. Aliás, tem sido comum a apresentação de colocações traduzindo esta idéia, algumas mais criativas outras menos, por meio de expressões “concurso é uma maratona!” ou “concurso é uma corrida de obstáculos!”. Algumas chegam a ser mais radicais, envolvendo manifestações do tipo “concurso é guerra!”.
Apesar do consenso que tais colocações revelam, no sentido de que efetivamente a preparação para o concurso envolve um processo permeado por dificuldades e obstáculos a serem superados, ultimamente tem me chamado atenção o quanto alguns candidatos vem manifestando suas angustias – e alguma vezes até desespero, decorrentes dos referidos óbices enfrentados. Tenho percebido tais manifestações externadas em fóruns, nas salas de aula, em palestras, comentários no Blog e mensagens enviadas para o meu email pessoal.
Neste contexto, não posso deixar de destacar os candidatos e candidatas que ostentam, respectivamente, a condição de pais e mães de família, por vezes sujeitos à dupla jornada, tendo que conciliar os estudos com a atividade profissional, bem como a devida atenção e convivência familiar. Principalmente as mães, as quais normalmente assumem atribuições e suportam preocupações adicionais.
Assim, mesmo sem ter a intenção de me limitar ao referido grupo, me senti provocado a produzir algo que fosse além do senso comum. Que diga algo mais, promovendo alguma contribuição adicional, construída não apenas a partir de elementos empíricos, ou seja, frutos da minha experiência de candidato e professor de curso preparatório, mas também apresentando fundamentos consistentes, lógicos e racionais, que auxiliem na superação de tais momentos difíceis. Ainda que não alcance o referido objetivo na sua plenitude, esta foi a intenção que motivou o presente texto. Mas efetivamente, no fundo, a finalidade maior consiste em responder a seguinte pergunta: como superar as dificuldades?
Uma primeira idéia fundamental consiste na compreensão de que dificuldades e angústias, principalmente decorrentes da percepção da falta de tempo para os estudos, são mais do que naturais e inerentes ao processo de preparação, por parte da grande maioria dos candidatos, inclusive os que lograram êxito na aprovação. Durante a minha trajetória de candidato, houve um período em que ocupei, seqüencialmente, os cargos de Procurador de Estado e Advogado da União, me mantendo empenhado na preparação para o concurso da Magistratura, de modo que convivia com a dificuldade decorrente da falta de tempo, bem como das pressões, cobranças e responsabilidades inerentes às funções exercidas.
Ou seja, tais angústias e dificuldades são naturais e fazem parte do processo. Mas além da compreensão da naturalidade das referidas angústias – e alguma vezes até sensação de desespero, decorrentes principalmente da percepção de inviabilidade da aprovação em função da falta de tempo para os estudos, é importante compreender o que está por trás disto.
Conforme algumas construções estabelecidas por determinados campos da psicologia, geralmente, nos referidos comportamentos há uma relação de causa e efeito entre pensamento e sentimento. Ou seja, se me sinto angustiado ou mesmo desesperado, por trás disto há um pensamento, enquanto percepção e compreensão de natureza intelectual-cognitiva da realidade. Por exemplo, me sinto angustiado e desesperado no contexto da preparação para o concurso (sentimento), por acreditar, ainda que inconscientemente, fazendo uma leitura da minha realidade, que não tenho tempo suficiente para me apropriar do conjunto de conhecimentos e informações necessários a lograr êxito nas provas (pensamento).
Diante desta premissa, o caminho a ser trilhado para a superação do referido estado e situação limitadora, consiste em passar por um processo de desconstrução do referido pensamento. Ou seja, é verdade, efetivamente, que se meu tempo é limitado, se sou pai ou mãe de família, tendo que trabalhar e dar atenção à minha unidade familiar, não posso passar no concurso? Minha resposta e minha tese é de que, definitivamente, não! Isto é, é possível sim passar no concurso!
E parar sustentar a referida afirmação, a base de tudo consiste num conceito de caráter científico, com o qual trabalho nas palestras que ministro, no DVD da palestra, no livro de minha autoria sobre preparação para concursos, bem como nas conversas com os alunos, leitores e usuários do Tuctor. Trata-se da teoria da tripla restrição.
Segundo a referida construção, em qualquer projeto, existem três restrições que precisam ser consideradas, quais sejam, qualidade, tempo e custo. No caso da preparação para concurso, considero que custo corresponde a quantas horas de estudos por semana o candidato pode investir nos seus estudos. Assim, a título de exemplo, se vamos promover a reforma de uma casa e queremos, com a mesma qualidade, diminuir a duração (tempo), teremos que aumentar o investimento na obra (custo). Se nesta mesma reforma, com qualidade semelhante, temos limitada a nossa capacidade de investimento, iremos aumentar a duração da obra.
Portanto, adotando a referida lógica no âmbito da preparação para o concurso, não há dúvida de que um candidato pai família trabalhador ou uma candidata mãe de família trabalhadora, podem, com a mesma qualidade nos estudos, o que significa (qualidade) eficiência no processo de apropriação intelectual do conhecimento, concluir a mesma “obra” que outro candidato que está por conta dos estudos, não tendo vida conjugal ou filhos para educar e dispondo de mais horas para investir. A diferença é que, como existem distintas capacidades de investimentos, em termos de horas de estudo por semana, para a conclusão da referida “obra”, um contará com a duração maior do que o outro. Mas ambos irão terminar!
E como sempre tenho a preocupação de associar a construção teórica com a fundamentação empírica, basta ler os textos da Pauta do Relato de Êxito, para constatar o quanto faz sentido a referida compreensão. E considerando este idéia, não posso deixar de destacar o relato da hoje Juíza Norma Moura e do hojeProcurador da República Ercias Rodrigues.
Assim, com base em fundamentos teóricos e empíricos, tenho toda tranqüilidade em afirmar que, mesmo diante das angustiantes – e algumas vezes desesperadoras restrições, inclusive aqueles que contam com significativas dificuldades de tempo, podem passar.
Mas além do processo de compreensão e desconstrução do que determina a sensação de angústia, e mesmo de modo a facilitar a referida atitude, outra iniciativa é fundamental. Trata-se da estruturação do planejamento.
Principalmente para os candidatos que enfrentam as referidas dificuldades, é preciso que tal planejamento seja bem estruturado, bem como conte com mecanismos de monitoramento e controle. Tais mecanismos é que vão proporcionar ao candidato, por meio de feedbacks, a compreensão de que os esforços empreendidos, por mais limitados que sejam – principalmente em função da restrição do tempo, estão o levando em busca da aprovação.
Exatamente esta consiste numa das importantes finalidades do Sistema TUCTOR. Ou seja, permitir que o candidato estruture o seu plano de estudos, levando-se em conta todas as suas restrições e condições. Dessa forma, a partir destes elementos, o sistema apresenta indicadores de metas que sejam viáveis. Por outro lado, por meio dos indicadores de desempenho, atendendo ao que foi estabelecido, o candidato passa a ter a compreensão e a sensação de que está cumprindo com o seu papel e avançando, dentro de suas condições, em busca do seu objetivo da conquista da aprovação.
Aliás, não posso deixar de registrar que o TUCTOR foi criado exatamente a partir de uma expediência na qual me vi desafiado a convencer uma candidata, enquadrada nesta condição de mãe de família trabalhadora, submetida a uma tripla jornada – duas no seu trabalho e uma terceira em casa, que insistia em afirmar que não conseguia concluir seu programa de estudos. Naquela ocasião, por meio da elaboração de fórmulas, equações e cálculos demonstrei, matematicamente e racionalmente, que era possível atingir o objetivo pretendido, surgindo aí o embrião do sistema.
Portanto, a superação das angústias e dificuldades inerentes ao processo de preparação para o concurso público pretendido e busca da aprovação passa, primeiramente, pela compreensão de que tais obstáculos são naturais e fazem parte da trajetória de qualquer candidato. Em segundo lugar, é preciso compreender e desconstruir o sentido da angústia e percepção de dificuldade construída. Por fim, é fundamental contar com um planejamento adequadamente estruturado, bem como com meios para monitorar e controlar a sua execução.
Adotando as referidas atitudes, o passo seguinte corresponde à compreensão e convicção de que a aprovação consiste numa conseqüência mais do que lógica e natural de todo este processo.
Bons estudos e sucesso na busca da aprovação!
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