Se possível, gostaria de saber se existe alguma razão de ordem pedagógica a justificar a alocação de mais de uma matéria por dia de estudo. Antes de adquirir minha Conta de Estudos no TUCTOR, tentava esgotar cada matéria por vez, o que, confesso, acabava sendo um tanto extenuante, aumentando a curva de esquecimento – a despeito de dar a sensação de “dever cumprido” ao término de cada uma delas.
Além disto, no mesmo dia, devo colocar duas matérias que guardem alguma correlação (v.g. tributário e financeiro, civil e processo civil) ou, ao contrário, devo alocar matérias que não guardem tanta interdependência (v.g. tributário e ambiental, civil e internacional)?
Desde já, obrigado pela inestimável contribuição que tem dado aos meus estudos.
Abraço,
Genício Caliari.
Olá Genício!
Muito boa a sua pergunta! Registro que, conforme combinado, já providenciei o envio do seu DVD, no qual você encontrará algumas respostas. Mas não posso perder a oportunidade de antecipar algumas ponderações.
Não obstante os aspectos conceituais que desenvolvo no livro (“Concursos Públicos e Exames Oficiais: Preparação Estratégica, Eficiente e Racional”, Ed. Atlas) e no DVD (da Palestra), considero que o enfrentamento mais específico da sua pergunta e das colocações que apresenta merecem um pequeno texto, bem como comportariam uma boa e saudável rodada de debates entre estudiosos do processo cognitivo e das ciências da educação.
Digo isto enquanto um apaixonado pela aprendizagem, tanto do ponto de vista da compreensão teórico-científica, quanto – e principalmente eu diria, no plano prático e pragmático, voltado à otimização da preparação para concursos públicos e exames, já que este é o meu meio. Ou seja, faço tal afirmação não apenas em função dos meus estudos e vivência no ambiente acadêmico das ciências cognitivas, mas também do fato de que o meu universo é o mundo da preparação para concursos públicos, da sala de aula, das bibliotecas e dos demais cenários habitados pelas pessoas que vivem este objetivo.
Daí já dá para perceber a minha empolgação ao enfrentar a sua pergunta…
Mas ainda preliminarmente, registro que não sou o dono da verdade, tampouco guru de qualquer coisa. Assim, apenas faço reflexões e apresento ponderações, no sentido de buscar aquilo que seja o melhor. E o conceito de melhor, no caso, significa aquilo que traga mais resultados e se traduza em eficiência e racionalidade nos estudos.
Conforme venho sustentando, tanto no livro, quanto em palestras (e inclusive no DVD da palestra), a importância do estudo concomitante e alternado de matérias decorre de três fundamentos principais, sobre os quais passo a discorrer:
1o – considero que é importante o avanço gradativo e concomitante do objeto do conhecimento a ser apropriado, de modo a buscar uma compreensão sistêmica do conteúdo programático, ou seja, não trabalhar com uma visão compartimentada das matérias. E sustento isto pois, por um lado, o conhecimento, queira ou não, é sistêmico e pode ser compreendido de forma sistêmica. Por outro lado, entendo que cada vez mais este domínio sistêmico é o que se exige dos candidatos pelas bancas de concursos – e o Cespe é um representante emblemático desta visão. Vou dar um exemplo: para entender o conceito de Tributo (Direito Tributário), você precisa entender os princípios constitucionais que limitam o poder de tributar do Estado, com destaque para o princípio da legalidade tributária (Direito Constitucional) e o conceito de ato administrativo vinculado, bem como a sua lógica (Direito Administrativo). Registro que esta idéia está relacionada com uma construção desenvolvida por uma conhecida e respeitada psicopedagoga brasileira, chamada Emília Ferreiro, autora da teoria da psicogênese.
2o - entendo que, ao alternar as matérias, principalmente se são de naturezas distintas (por exemplo, Direito Adminstrativo e Direito Civil, ou uma matéria jurídica e Administração Financeira e Orçamentária-AFO), você está contribuindo com a noção de plasticidade do cérebro. Ou seja, você estará promovendo estímulos diferentes, o que tende a ampliar sua capacidade cerebral, a qual se desenvolve sob uma lógica de que quanto mais se demanda, mais aumenta a capacidade de dar respostas;
3o – por fim, considero que a alternância de matérias gera menor desgaste. E digo que já fazia isto enquanto candidato, ou seja, faço tal afirmação com base numa concepção empírica. Mas além da experiência vivenciada, descobri um conhecido pesquisador e autor de obra sobre os processos de estudos e aprendizagem, chamado Michel Coéffé – a qual faz parte da bibliografia de pesquisa do meu livro, sustentando exatamente esta tese, de que a alternância gera menor desgaste.
Portanto, esses são os fundamentos que considero.
Você pode adotar o caminho apresentado ou não. Inclusive, a lógica do TUCTOR comporta os dois modelos, ou seja, o estudo concomitante e alternado de matérias ou o estudo modular. Naturalmente que o sistema foi feito para permitir que o usuário alterne as matérias. Mas se não quiser alternar não há problema. Para tanto, de modo a adotar a outra estratégia (modular), você pode usar a funcionalidade de Vinculação de Matérias. Inclusive, recentemente, a Equipe Tuctor orientou neste sentido um usuário que pretendia adotar o estudo modular na preparação para Procurador da República, por meio da utilização da ferramenta de Vinculação.
Quanto ao seu receio de esquecer alguma informação ou conhecimento, conforme a noção da curva de memória, este risco existe, em tese, nos dois modelos. Mas em função da lógica de estar sempre estudando cada matéria em todas as semanas, considero que no sistema da alternância o risco é menor.
Porém, como sempre digo, meu caro, a decisão e a escolha são de sua responsabilidade, e não minha. Quem vai pagar o preço é você e quem vai desfrutar das glórias no futuro também será você. Espero apenas que tome uma decisão estratégica, eficiente e racional.
Me mantenho à disposição e bons estudos!
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