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segunda-feira, 3 de maio de 2010

PREPARAÇÃO PARA CONCURSO E O PRAZER EM APRENDER:



Um tema de grande relevância e que conta pouca atenção, principalmente em termos de produção intelectual, consiste na idéia de trabalhar o prazer em aprender no âmbito da preparação para o concurso público. Na realidade, tal importância consiste não apenas em trabalhar o prazer em aprender, mas também identificar a falta do prazer em aprender, bem como as suas conseqüências no processo de busca da aprovação.

Neste sentido, primeiramente, é fundamental reconhecer que muitos candidatos apresentam resistências a determinadas matérias. Não é incomum ouvir de candidatos, que não contam com formação acadêmica na área do Direito, manifestarem tais dificuldades e resistências em relação às matérias jurídicas.

É importante compreender que tal resistência geralmente decorre da percepção de dificuldade em relação a determinada matéria, ou da falta de vontade em estudá-la. Ou seja, aí normalmente reside a fonte da falta do prazer em aprender.

Naturalmente que se esta matéria é classificada como importante para o concurso almejado, o cenário se torna ainda mais complicado. Vale dizer que o conceito de importância da matéria pode decorrer da quantidade de questões passíveis de cobrança no momento da prova, do peso atribuído a estas questões ou da complexidade dos conteúdos cobrados.

No âmbito da ciência voltada ao estudo do processo de aprendizagem, há um campo do conhecimento denominado matemática emocional, a qual tem por objeto exatamente a análise dos fatores emocionais que interferem nas resistências e dificuldades para o referido aprendizado. Dentre as construções desenvolvidas, destaca-se a noção de que na esfera do domínio afetivo existem valores e crenças que, inegavelmente, acabam por influenciar ou comprometer a aprendizagem. Ou seja, não é preciso se esforçar muito para constatar que há uma íntima relação entre a falta do prazer em aprender – a qual é influenciada por fatores emocionais, e a dificuldade para o aprendizado. Inclusive, existem estudos indicativos que estas limitações podem contar com repercussões até mesmo fisiológicas, causando, por exemplo, dor de cabeça durante os estudos.

Portanto, considerando todas as premissas e ponderações apresentadas, é possível que, em maior ou menor grau – e espero que seja em menor, em relação a alguma ou algumas matérias, você esteja com algumas resistências e limitações quanto ao prazer em aprender. E isto, naturalmente, tende a ser um obstáculo na sua preparação para o concurso público.

Vale salientar que, conforme venho sustentando em textos no Blog, no livro sobre o tema da preparação para concursos públicos, palestras e no DVD da palestra, o referido objetivo precisa ser encarado e compreendido como um empreendimento de natureza cognitiva e intelectual. Isto é, um empreendimento no qual a obra a ser construída consiste na apropriação de um conjunto de informações e conhecimentos passíveis de cobrança no momento da prova.

Assim, de modo a superar a limitação decorrente da falta do prazer em aprender, uma primeira idéia fundamental consiste na identificação da utilidade, importância e sentido do conhecimento estudado. Não há dúvida de que todo e qualquer conhecimento cobrado no edital, em regra, conta com alguma utilidade e importância que vai além da preparação para a prova.

Apenas a título de exemplo, no caso do Direito, aprender Constitucional significa compreender as regras básicas e fundamentais de funcionamento de nossa sociedade. Significa ver no noticiário que o STF está discutindo a legitimidade de um ato do Presidente da República ou a constitucionalidade de uma lei e entender o sentido disto. Significa saber o sentido e os limites do poder de polícia de uma autoridade administrativa que nos aborda. O mesmo vale para outros campos do conhecimento, como a Língua Portuguesa, o Raciocínio Lógico, a Administração Financeira e Orçamentária ou a Contabilidade.

Dessa maneira, não há dúvida de que é possível identificar o sentido e a utilidade no estudo para o concurso público, os quais vão além da prova. E isto geralmente vale para todas as matérias previstas no edital.

Outra atitude importante consiste em procurar sentir e vivenciar o prazer do aprendizado, independente objeto de aprendizagem. Todos nós, enquanto seres humanos, temos estruturas cognitivas voltadas à aprendizagem, inclusive por uma questão de sobrevivência. Existem estudos indicativos de que passamos a ser bípedes por um processo de aprendizagem, pois nem sempre tivemos esta condição. Isto significa que fomos biologicamente concebidos para aprender, sendo que, logicamente, o prazer em aprender é algo mais do que natural. A satisfação com a conquista do conhecimento apropriado é inerente à natureza humana, sendo que sentirmos prazer em aprender determinado conhecimento consiste em algo mais do que natural.

As duas idéias apresentadas também se relacionam com um aspecto estratégico de grande importância para a preparação. Trata-se da preocupação e foco no processo. Ou seja, não sermos refens de uma preparação por um resultado – ainda que tenhamos claro que o nosso objetivo finalístico e principal consiste na aprovação.

Mas a idéia é estarmos focados no processo, na execução do plano, tendo na aprovação uma conseqüência lógica. Vale lembrar que na preparação para o concurso público temos um objetivo mediato e outro imediato. O objetivo mediato consiste na aprovação, ao passo que o objetivo imediato consiste no desenvolvimento de um processo de apropriação do conhecimento eleito como passível de cobrança no momento da prova.

Ou seja, por um lado, é preciso trabalhar com a idéia de que vou estudar apara aprender e sei que este conhecimento a ser aprendido me proporciona prazer, pois sou um ser humano dotado de um equipamento biológico que, naturalmente e filogeneticamente, gera satisfação ao me apropriar de um objeto cognitivo. Além do mais, também é fundamental compreender que este conhecimento tem alguma utilidade na minha vida, inclusive enquanto cidadão.

Por outro lado, outra atitude importante consiste em estar focado no processo. Ou seja, não apenas buscar ter satisfação no aprender, mas também admitir como objetivo o alcance de metas de curto prazo, correspondentes ao cumprimento do que foi estabelecido no âmbito do planejamento de estudo. Para os usuários doTUCTOR, uma atitude importante consiste em estar focado na superação ou alcance dos indicadores de metas de desempenho estabelecidos no sistema.

Concluindo, é preciso que o candidato procure trabalhar o prazer em aprender ao longo da preparação para o concurso. Além do mais, também é preciso estar focado na execução do planejamento, ou seja, no processo. Trabalhando com as referidas noções, a conquista da aprovação passa a consistir numa conseqüência lógica e natural.

Sucesso na busca da aprovação e bom cultivo da satisfação com os estudos!

ROGERIO NEIVA

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